segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Contra as bruxas, fadas!


Quem me conhece sabe que sou "meio do contra". E hoje, no dia em que se está comemorando o tal do "Halloween", QUE NÃO TEM NADA A VER COM A CULTURA BRASILEIRA - é novidade de uns 15 anos, mais ou menos, trazida pelas escolas de ingles (norte-americanas) - publico uma poesia de fada.

UMA FADA NA RUA

Eu que não acreditava em fadas, hoje vi uma na rua...
Pegava sementes no lixo jogadas por alguém.
Chorava que nem uma criança por causa das sementinhas
e não entendia porque chorava sozinha!

Era diferente sim, mas não parecia imortal
Tinha olhar de menina quando brinca com os pingos da chuva
E tinha o rosto e as mãos sujas de barro
Igual a uma escultora no final de um dia de trabalho

Seus cabelos eram longos, sedosos e estavam em desalinho
Igual a uma criança no final de um dia de correrias ao vento.
Gostei dela, especialmente, quando saiu correndo
a pegar, sorrindo, folhas bailando ao vento.
Corria, pulava e dava risadas sem, no entanto, pegar nenhuma
até que, lentamente, uma veio deslizando e pousou em sua mão suja de barro.
Ela a olhou atentamente, girou a folhinha várias vezes delicadamente,
e balbuciou palavras que só compreendi uma... "meu anjo".

Depois, cansada de correr, foi sentar-se ao chão
para melhor ver o espetáculo das folhas de outono.
Sentei-me ao seu lado respeitosamente
com aquele respeito que se deve ter a um anjo-mulher
Ela me olhou como se olha um velho amigo
e me contou que desde menina,
todos os anos, faz sempre a mesma coisa:
desce do céu para apreciar o outono na Terra.

Ficamos horas conversando...
Eu, lhe contando as maravilhas do mundo
falando do mar, das cachoeiras, das montanhas, dos rios e lagos.
Ela, me encantando com as maravilhas do céu - coisas além da imaginação.
Falou-me de seres que voam sem avião,
das dezenas de luas, cada uma de uma cor,
do colorido-luz das flores, de seus inigualáveis perfumes,
falou-me também de um Amor que eu nunca ouvi igual
e que ela dava o nome de Amor Universal.

Foi ali que me convenci que não pertencia ao nosso mundo
Era, sim, de outro planeta... de outra dimensão.
Depois, num gesto afetuoso, sem dizer nada, descansou sua cabeça em meu ombro.
Ficamos um breve instante naquele "diálogo de energias"
que me pareceu uma eternidade...
Foi quando vi uma luz em seu coração. Linda. Radiante.
De um azul-lilás que não esquecerei jamais!
Acho que ela fez de propósito, queria mesmo que eu visse que era um anjo,
porque, de repente, sem uma palavra, levantou-se sorrindo
e correndo foi a subir numa árvore.

Perplexa, imobilizada, fiquei olhando-a enquanto subia me dando adeus!
Seus olhos brilhavam, parecendo banhados em lágrimas,
ou talvez fossem os meus...

Foi assim, uma despedida repentina. Coisa próprio de menina.
Ela alcançou o galho mais alto, me olhou longamente,
sorriu e deu-me o último adeus com suas mãozinhas sujas de barro.

Depois, só avistei uma estrelinha se desprender do alto da árvore
e voar em direção ao céu!!

Márcia Rocha
Outono, 2011
Bondeno, Itália

4 comentários:

Gabriela disse...

Muito linda a poesia...principalmente em um dia tao "obscuro" como halloween. Linda, delicada, alegre! Adorei :D

Márcia Rocha disse...

Obrigada, Gabi!! Foi mesmo com essa intenção de ser "do contra" que escrevi... rsrs

manucrw disse...

Lindooooo!!!! Amei a poesia! Consegui imaginar toda a cena! :) Me fez viajar num mundo MARAVILHOSO!!

Márcia Rocha disse...

Uauuu, Manucrw!!
Imagino o que vc imaginou! Acontece o mesmo comigo :) É por isso que adoro escrever porque viajo... viajo... por lugares maravilhosos, encantadores!!