Amigos, "navegando" encontrei essa jóia de informação. Repasso a todos que, de alguma forma, lidam com crianças e jovens. É uma sindrome que, infelizmente, está se alastrando em nossa realidade "internética" por vezes alienante (tão boa e tão má!).
Mais do que nunca é preciso sabedoria para equilibrar o mundo real e o virtual!
E se posso dar uma dica: Quando não houver, verdadeiramente, nada importante a fazer no computador, vamos buscar interargir com o próximo de carne e osso! Mas atenção!! Muitos de nossos jovens não sabem fazer isso sem nossa ajuda. Não basta querer relacionar-se, é preciso saber (e ter coragem, por que não?) relacionar-se!! Aqui a cooperação dos mais experientes é fundamental, tão fundamental quanto o tratamento clínico!
Síndrome
de Asperger (SA)
O
que é a Síndrome de Asperger?
A
Síndrome de Asperger é um transtorno de múltiplas funções do psiquismo com
afetação principal na área do relacionamento interpessoal e no da comunicação,
embora a fala seja relativamente normal. Há ainda interesses e habilidades
específicas, o pedantismo, o comportamento estereotipado e repetitivo e
distúrbios motores. A Síndrome de Asperger (SA) é uma das entidades
categorizadas pela CID-10 no grupo dos Transtornos Invasivos, ou Globais, do
Desenvolvimento – F84 e que todas elas iniciam invariavelmente na infância e
com comprometimento no desenvolvimento além de serem fortemente relacionadas a
maturação do SNC. Pode-se dizer também que desse grupo (Autismo Infantil,
Autismo Atípico, Síndrome de Rett e outros menos relevantes) a SA é o
transtorno menos grave do continuum autístico .
Quais
os sintomas / incidência da S. Asperger?
Gostar
de fazer perguntas inadequadas às pessoas não conhecidas; andar desajeitado;
postura bizarra de braços e mãos; pouco olhar para o interlocutor; mímica
facial e corporal pobre e dissociada da conversa; afetividade superficial;
afetividade plana (um paciente analisado referiu que nada o irritava e que nada
o incomodava, outro não demonstrou reação ao falecimento da mãe); voz com pouca
ou sem modulação (robotizada); fala rebuscada sem a compreensão devida dos
termos; persistência no assunto de seu interesse; dificuldade de compreender
piadas; compreensão superficial de significados abstratos (p.ex: diferença
entre colega e amigo); dificuldade de compreensão do significado de frase
quando o diferencial é o tom da voz; ruminações e preocupações ilógicas, para
os não afetados; percepção de que é diferente dos colegas e irmãos (a partir da
pré-adolescência); conhecimento desproporcional em algum assunto – interesse
específico (que pode variar com o tempo); pedantismo (dicionário Aurélio:
"aquele que ostenta erudição que não possui, de forma afetada, livresca,
rebuscada"); sintomas obsessivos (que inclusive o incomodam); humor
deprimido; memória muito boa, as vezes fotográfica; dificuldade na narrativa de
fatos vividos, etc.
Quais
são os Diagnósticos Diferenciais mais importantes?
Autismo
infantil (AI), transtorno esquizóide de personalidade e esquizofrenia infantil.
O diagnóstico diferencial mais polêmico é entre AS e Autismo de Alto
Funcionamento ou Alto Desempenho (AAF). Também a hipótese de super-dotado é
freqüente assim como distúrbios de comportamento não especificados.
Quais
as Diferenças Fundamentais entre Autismo Infantil e Síndrome de Asperger?
Essa
delimitação é importante quando o quadro de AI é de grau leve, ou sem histórico
de atraso na linguagem, algum tipo de habilidade, QI limítrofe, avaliação em
idade anterior a 6-8 anos. Na prática siga a "máxima": O autista está
isolado em seu próprio mundo. O Asperger está em nosso mundo, porém vivendo seu
estilo próprio de forma isolada.
As
diferenças fundamentais são:
Gravidade
do caso - Retardo
Mental - Alterações
cognitivas - Atraso
significativo da fala
Uso da 3ª pessoa pronominal (ele, ou seu nome) no lugar da 1ª (eu)
Diagnóstico
possível antes dos 3 anos de idade - Diagnóstico
de certeza só após 6 anos de idade
QI executivo mais alto - Inteligência
verbal - Pedantismo - Busca
ativa de interação social
Dá
a impressão de possuir um estilo antigo, excêntrico - Pode
dar a impressão de super -dotado
Pais
com quadro similar
Quais
as diferenças mais importantes entre AS e a Esquizofrenia Infantil?
A
esquizofrenia infantil é mais rara e mais grave. A presença de delírio é
fundamental para o diagnóstico da Esquizofrenia Infantil (EI), que formalmente
só poderá ser detectada após os 7 - 8 anos de idade, época em que a criança
inicia o desenvolvimento do pensamento lógico-formal.
Alucinações,
que podem ser encontradas em idades mais precoces são comuns e freqüentes que
podem ser detectadas mesmo quando a criança ainda não fala (é comum a descrição
por familiares de que a criança muda sua expressão fisionômica e reage como se
algo estivesse ocorrendo, saindo do lugar, gritando, se agarrando aos outros,
etc). A EI está comumente relacionada a QI limítrofe ou baixo. Não estão
presentes as habilidades especiais. Não há comprometimento da interação social
nas idades precoces, assim como não é comum atrasos de linguagem. Na idade
adulta a dica é sempre a ausência de delírios e alucinações.
Quando
a Super-Dotação Intelectual se impõe como Diagnóstico Diferencial?
A
partir da "erudição" que aparentam, das habilidades precoces, do
auto-didatismo, da hiperlexia freqüentemente presente (capacidade de aprender a
ler muito cedo – a partir de 2 anos). Diagnóstico diferencial importante pois
agrada os pais e usualmente é estabelecido por quem não possui experiência com
esse grupo de Transtornos.
Como
são os Tratamentos?
O
tratamento otimizado parte do princípio fundamental de identificar
co-morbidades psiquiátricas, neurológicas, neuro-psicológicas, o
desenvolvimento de programas pedagógicos, orientação à família e a escola.
Importante não relevar o tratamento dentário (Obs: Bruxismo, por ex., denota sofrimento noturno) (Grifo e observação minha, não dos autores do trabalho).
A
partir do diagnóstico, deve-se buscar otimizar suas capacidades ao invés da
cura dos comprometimentos, que são natos. Para isso é importante precisar o QI
executivo, o QI verbal, realizar testes neuro-psicológicos (cognição, memória,
atenção, planejamento, execução, etc,), descobrir suas dificuldades na escola,
no mundo social e na comunicação, assim como as dificuldades familiares para lidar com a situação. Ou seja,
deve-se construir um "pool" de trabalho em torno da situação.
É
importante que a pessoa afetada aprenda: a melhorar sua comunicação social
(como abordar socialmente pessoas, que devem dar ao outro a vez na conversa,
que devem olhar para as pessoas quando conversam com elas, que devem
despedir-se, etc); que o outro tem intenções que são diferentes das suas e que
deve saber quais são e como fazer para saber (p.ex.: perguntando); a relatar
uma situação vivenciada; a lidar com a equação ansiedade / frustração evitando
comportamentos catastróficos; a identificar situações novas; a desenvolver
estratégias para solução de problemas cotidianos (p.ex.: alguém pergunta: como
vai? – explicar que a pergunta refere-se a se a pessoa está sentindo-se bem e
não se ela está indo a pé, de ônibus ou não está indo mas chegando – compreensão
literal das palavras, distúrbio da pragmática); a desenvolver uma
auto-suficiência; a promover uma crítica de seu desempenho para manter sua
estima elevada; a generalizar o conhecimento; etc.
A
família deve ser esclarecida sobre a gravidade da doença do filho, a
"lógica" da SA, seus pontos de fragilidade e as habilidades, a
importância da participação, a vida adulta e as possibilidades no trabalho. Uma
questão importante é a criação de Associações de Pais que promovam a divulgação
da Síndrome para a sociedade e que defendam seus interesses (p.ex.: criação de
Cooperativas de Trabalho). Referente a escola, lembre-se que não necessitam de
Escolas Especializadas, o que implica que a comunidade da Escola regular
precisará ser orientada para promover a convivência com as discrepâncias e
bizarrices do portador de SA, suas dificuldades executivas (p.ex.: incapacidade
ou extremo comprometimento de escrita, necessitando de uma máquina de escrever
ou um computador), pedagógicas, psicológicas, etc.
Fonte: Parte do trabalho de Ehlers & Gillberg , realizado nas escolas de 1 o grau de uma cidade com predominância de classe média.
Grande beijo!